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Greve e Vitórias: somente a luta coletiva nos possibilita celebrar conquistas


por Arielly Ribeiro e Kacio D’Angelys Silva

Após 86 dias de greve e quatro meses de atraso, TAEs e Docentes finalmente viram na folha de pagamento, os primeiros frutos de uma mobilização histórica. A recomposição salarial anunciada é resultado direto da nossa organização e resistência. A greve de 2024 não foi apenas mais uma paralisação — ela foi marcada por forte participação da base e por ações estratégicas em todo o país.

No IFAC, tivemos orgulho de contar com servidores que estiveram na linha de frente da mobilização, como foi o caso das companheiras Joseady Alves e Arielly Ribeiro que integraram o Comando Nacional de Greve, em Brasília, representando nossa instituição com firmeza e coragem.

Essa conquista só foi possível, porque existe uma estrutura que sustenta a luta sindical. É o 1% da nossa contribuição mensal que viabiliza desde a pressão sobre o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) até as recepções e diálogos com parlamentares feitas no aeroporto de Brasília. Cada centavo investido nesse processo retorna em direitos conquistados, salários reajustados e valorização da nossa carreira.

A carreira docente conquistou avanços importantes na histórica greve de 2024, graças à força da mobilização organizada pelo SINASEFE e à firmeza da categoria em todo o país. Foram dias de luta intensa que resultaram em conquistas como os reajustes salariais de 9% em 2025 e 3,5% em 2026, a reestruturação da Retribuição por Titulação (RT), a retomada da pauta
da Regulação da Atividade Docente (RAD) e a reabertura de discussões estratégicas
sobre progressão e regime de trabalho. No entanto, a batalha está longe de acabar.

O governo federal ainda não cumpriu integralmente os acordos assinados, ignorando reivindicações centrais como a revogação da Instrução Normativa nº 66 e a equiparação de direitos entre servidores ativos e aposentados. Um dos pontos mais graves é a manutenção do controle de frequência (ponto eletrônico) imposto aos docentes, mecanismo que ataca frontalmente a autonomia da atividade acadêmica e que precisa ser imediatamente revogada.

A carreira TAE também ainda enfrenta muitos desafios. Ela é, infelizmente, pouco atrativa diante das demais carreiras do serviço público. Não ignoramos que faltam a implementação da RSC (Reconhecimento de Saberes e
Competências), das regras de aceleração e a jornada de 30 horas. No entanto, o
reajuste de 9% já em 2025, somado aos 4% previstos para 2026 representam avanços concretos na luta por valorização e dignidade profissional.

A greve também escancarou uma dura realidade: a educação pública brasileira é sistematicamente desvalorizada. Tivemos que enfrentar não apenas a resistência do governo, mas também a oposição do Congresso Nacional, o silêncio ou a distorção da grande mídia e até o preconceito de parte da opinião pública, que ainda nos vê como “marajás”, ignorando os anos de dedicação, formação e o impacto real do nosso trabalho na sociedade.

No âmbito local, avançamos significativamente em algumas pautas, como por exemplo, a implantação da política de Permanência e Êxito para estudantes, demonstrando o compromisso da nossa comunidade acadêmica com o sucesso dos nossos alunos. Também foi viabilizada a revisão administrativa das progressões docentes, com o importante reconhecimento das pós-graduações e a aceleração desde o ingresso para aqueles que iniciaram na carreira entre 2010 e 2012.

No que se refere à pauta de 30 horas
TAE, apesar das discussões em nível nacional, aqui já temos processos tramitando no CONSU para registros escolares e assistentes de alunos. Tivemos ainda a criação do Grupo de Trabalho (GT) sobre a Regulação da Atividade Docente (RAD) é outro ponto positivo, abrindo espaço para o debate e a
construção de políticas mais justas e eficientes para o trabalho docente.

Uma outra pauta de greve local foi a solicitação de recomposição das CDs (Cargos de Direção) e FGs (Funções
Gratificadas) do Campus Rio Branco e recebemos a confirmação de que em breve haverá atualizações a respeito, isso representa reconhecimento da contribuição dos servidores na gestão e em atividades administrativas, para que o Ifac cumpra seu papel institucional local.

Apesar dos inegáveis avanços conquistados, mantemos a firmeza e o espírito combativo para garantir que cada
vitória seja plenamente efetivada, tanto no âmbito nacional quanto no Acre. Continuamos empenhadas(os) em cobrar o atendimento integral de nossas demandas, com a consciência de que a vigilância e a mobilização constante são essenciais para assegurar que os direitos sejam respeitados e que novas conquistas sejam alcançadas.

Seguimos em luta. A recomposição significa um passo importante, mas ainda há acordos de greve a serem cumpridos e novas batalhas pela frente. Por isso, convidamos todos as(os) servidoras(es) que ainda não são filiadas(os) ao sindicato a se somarem nessa construção coletiva. Fortalecer o sindicato é fundamental para garantir que nossos direitos não apenas avancem, mas também sejam respeitados. A mobilização continua e só a luta muda a vida!

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